textos que generan una acción
Los lectores paraguayos no han de conocer el texto que generó este posteo. Ya no lo van a conocer primero porque me niego a compartilo; y segundo porque el autor lo suprimió por no aguantar la cantidad de críticas que generó. Pero les explico rápidamente para que entiendan mi enojo y la razón de ese texto, que al fin y al cabo es el texto que generó el blog: Hace no días (¿ayer?) una columnista de Globo (eso lo explica todo) publicó un texto en donde un bebé dice que tiene mucha hambre y lamenta diciendo que tiene hambre porque su mamá no hace caso a las cosas modernas inventadas por científicos, como la leche en polvo, que su mamá no le da el biberón porque está de moda amamantar, y él sufre con eso. Un texto absolutamente criminal e irresponsable. Acá mi respuesta, un día se los traduzco, lo prometo:
Porque amamentar está na moda a primeira coisa que meu filho tomou una vida foi leite na mamadeira. Porque amamentar está na moda ele passou horas chorando com dificuldade de aprender a tomar no peito, com a enfermeira vindo cada dez minutos ameaçar dizendo que se ele não aprendesse a sugar ele ia para a mamadeira de novo. Porque está na moda eu tive que proibir que meu filho saísse do quarto do hospital, com medo que dessem mamadeira para ele, pensando convictamente que ele morreria de fome, mas não tomaria outra mamadeira sem aprender a sugar o peito. Porque amamentar está na moda eu só resisti a essa violência de tentarem me convencer que eu não tinha leite logo no primeiro dia porque minha mãe estava comigo naquela noite no hospital, porque ela é meu exemplo, me amamentou até os dois anos, porque era moda, sempre foi. Se fosse meu marido a me acompanhar aquela noite talvez não tivesse resistido, não aos choros do bebê, não aos profissionais da saúde dizendo que ele precisava tomar mamadeira, não só pelo gosto de seguir a moda, imagina, homem nem entende muito de moda não é?
Mas meu marido estava ali, está até hoje, aos 3 anos do nosso Miguel Ángel, esteve sempre me dizendo “você é guerreira”, “você é uma heroína”, “a melhor mãe do mundo”, “olhe que lindo e saudável está nosso filho, porque você é incrível, eu te admiro muito”. E se não fosse essas palavras do meu marido talvez eu não tivesse continuado a amamentação porque na rua escutava “nossa, mas ele ainda mama?”, “nossa mas ele mama só o peito? Meninos precisam de complemento, meninos comem demais”, “você nem deve mais ter leite, ele só está usando de chupeta”, “nossa mas ele não come nada? O meu filho com 4 meses já comia” “nossa você está muito magra ele deve estar sugando todo o seu sangue” nossa nossa nossa... E tudo isso porque amamentar está na moda, imagina se não tivesse.
Aos três anos o Miguel Ángel às vezes lembra do titi da mamãe e vem tomar uns golinhos, ele suga e sai umas gotinhas e ele adora e diz “¡qué rico!”. Isso faz bem para ele, e um pediatra disse isso, um único médico entre tantos médicos que consultamos durante esses três anos, entre ginecologistas, obstetras, pediatras, clínicos, só um pediatra incentivou. Um pediatra e um obstetra que não é nosso médico, é amigo de infância do meu marido e infelizmente já está aposentado. Só um médico disse “não, mãe, você não tem que parar de dar o peito, você tem força e saúde para dar o peito até quando o seu filho quiser”. Só esses dois médicos me apoiaram para continuar amamentando. E isso porque amamentar está na moda, vai ver médicos não gostam muito de moda.
Em três anos tive que trocar de médico várias vezes, a pediatra que assistiu ao parto antes de passar a conta do hospital me passou uma receita de leite, “para eu não me cansar muito”, nunca mais voltei a essa médica. Já ouvi médico dizendo que depois de seis meses o leite só tem gordura, e que era melhor dar a fórmula x, e só podia ser aquela, que era a melhor, não podia ser outra, sei. Porque amamentar está na moda. Porque amamentar está na moda só um médico disse que meu filho não precisa de fórmula, que ele pode tomar leite de caixinha ou pacote depois de ter tomado o peito e comer normalmente como nós, só um médico. E por estar na moda que só hoje eu decidi confessar que meu filho ainda mama, porque até então fazia isso a escondidas, só meu marido sabia, para não ouvir os comentários maldosos dos outros. É muita pressão essa de seguir a moda, não é?
O que eu sei é que quando saia na rua e meu filho ficava com fome eu sentia que todo mundo me olhava feio, todo mundo me condenava, todo mundo me perguntava onde está a mamadeira, pelo bem de todos e do bebê e isso antes mesmo de ele completar um ano. Deve estar errado o meu conceito de moda, o conceito de moda de todas as mães que decidem amamentar. Não sei. Sei que eu não chamaria nada disso de moda, mas de ditadura empresarial, estão usando muito esse conceito por ai, não li muito sobre o assunto ainda, mas tenho uma intuição de que a coisa vai por ai. Mas deve ser bobagem minha, intuição não está na moda, instinto não está na moda, se não estávamos amamentando em paz e tranquilamente sem ter que responder baboseiras que aparecem por ai.
Sou brasileira morando em Assunção, temos um brasiguaiozinho de 3 anos, o Miguel Ángel, e estamos deixando ele desmamar naturalmente. Escrevi essas linhas chorando porque nesses três anos nunca me senti seguindo uma moda, pelo contrario, senti que todo o mundo, todos os discursos oficiais, toda a televisão, as revistas, os jornais, estavam contra mim, sempre senti que amamentar é um ato ideológico e revolucionário, que tenho que levantar como uma bandeira contra alguma coisa imposta, um discurso, uma consciência coletiva, não sei. Uma coisa natural, instintiva, saudável, mas que eu sempre tive eu esconder ou escolher com quem falar para não ser criticada, para vir alguém dizer que está na moda. Se não fossem pelos blogs realmente comprometidos com a saúde de pais e filhos eu teria desistido, a responsabilidade de vocês é muito grande e eu agradeço muito não ter lido textos como os que sabemos durante meus períodos vários de crises de mãe, que todas temos. Obrigada às blogueiras responsáveis e comprometidas! E aos demais, que trabalham para a indústria e o mercado: nós sabemos qual é a tendência de vocês, a moda de vocês, vocês não nos enganam.
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